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27 janeiro, 2009

memórias

Sempre tive muito boa memória. De uns tempos para cá ela foi se sofisticando e por conta própria (?!) resolveu se tornar seletiva. Mas a memória mais prodigiosa que eu conheço é a de minha mãe, chega a ser um absurdo o número de informações que ela armazena. Uma característica de minha memória é que ela tem forte ligação emocional como alegria, tristeza, susto e choque. Neste último se encontram eventos que não têm a ver diretamente com a minha história, mas com a história do mundo que existia durante a minha infância e adolescência. E essas fases foram marcadas por eventos bastante fortes do fim dos anos 60 e anos 70. Depois dessa apresentação, quero falar de episódios que permearam os anos 70 e que me marcaram, até hoje lembro deles. São eles: o atentado na Olimpíada de Munique em que atletas israelenses foram assassinados na vila olímpica, o sequestro e assassinato de Aldo Moro, pelas Brigadas Vermelhas, o terrorismo do grupo alemão Baden-Meinholf, o terrorismo do ETA, o terrorismo do IRA. Ah! teve também os sequestros de dois herdeiros norte-americanos: o neto de Paul Getty que o rapaz perdeu a orelha e mesmo assim o avô não quis pagar o resgate e o sequestro de Patricia Hearst, que se tornou uma referência da síndrome de Estocolmo, chegando a pegar em armas com o grupo que a sequestrou.

Enquanto isso, aqui no Brasil o regime militar prendia, torturava e por vezes assassinava, e do lado oposto também. Não me perguntem como, mas me recordo de um sequestro que acabou com a morte do sequestrado e a imagem na tv era um homem morto, metralhado em um carro. Há pouco perguntei a minha mãe e de fato isso aconteceu. Pesquisei no Google e descobri que era o presidente da Ultragaz, um dinamarquês que foi metralhado pela luta armada. Este crime aconteceu aqui em São Paulo, tal qual os outros que descrevi aconteceram em centros urbanos.

Com isso quero dizer o seguinte: se eu, que era só uma criança curiosa, ainda hoje me recordo por tantos episódios violentos, o que dizer dos familiares daquelas vítimas?

Aqui não se deve questionar de que lado do ,o,ento histórico se estava.

É preciso reconhecer que o terrorismo é violento e o objetivo é acertar o alvo ou então causar tragédia(s) de muito impacto, causar terror e medo. Lógico. Esta é alógica dos grupos terroristas até hoje.

Um dos primeiros posts que criei (ver falando muito sério), na verdade foi a reprodução do editorial d'O Estado de São Paulo que, com indignação, demonstrava os absurdos cometidos do ministro da Justiça para conceder o status de refugiado político ao criminoso Cesare Battisti.

Você deve estar pensando "ah! não! até aqui?". Sim. Até aqui, entre fotos de gêmeos que não existem.

A justiça e o governo italianos não querem o sr Battisti de volta porque ele é um fugitivo político. Querem porque ele é um criminoso condenado por 3 homicídios e por ter sido o mandante de um 4º. E tais crimes não foram cometidos meramente por razões de ideologia política. O sr Battisti já era um criminoso, que na prisão ingressou em um dos grupos da extrema esquerda italiana.

Volto ao ministro da Justiça brasileiro. O mesmo ministro que viajou para Mônaco atrás de Salvattore Cacciola. Não quero dizer que o crime financeiro cometido seja menor, não é. Crime é crime. Mas, para o Sr Ministro, um ladrão do colarinho branco ser preso é mais importante do que um assassino, ops, um preso político (!). Assassinar porque se é terrorista é legítimo. Ah! tá.

Então a devolução de dois atletas cubanos 'fujões' da delegação e que pediram asilo político, durante os Jogos Pan-Americanos no Rio, isso o Sr ministro sabe fazer. Devolveu-os sumariamente a ilha dos irmãos Castro. Resultado? Um dos atletas conseguiu fugir de lá para a Alemanha e hoje reside em Miami.

Resumindo? A soberania da decisão italiana foi jogada pela descarga do ministério da justiça. Do Brasil. E essa desastrosa decisão repercutirá contra o Brasil que é maior que o ministro, o presidente em exercício e Cesare Battisti. Pelo menos era antes dessa decisão desastrosa.