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07 junho, 2009

voltei

Estive de domingo a sexta-feira trabalhando no congresso mundial de otorrinolaringologia, realizado aqui em são paulo, no palácio das convenções do anhembi. Vivi numa mini-aldeia-global, um maravilhoso desfile de etnias, idiomas, hábitos e costumes.
Sim, estavam lá dos simpáticos indianos aos sisudos armênios. As legítimas indianas em sáris maravilhosos - mas distantes da bollywood do horário das 21h hare baba! -, as iranianas que não vestiam o xador, mas sim túnicas numa cor de burro-quando-foge e lenços negros cobrindo suas cabeças, mulheres quase sem vaidade, a não ser pelos olhos marcados pelo kajal que também destacava o olhar das indianas. Houve exceções, duas ou três iranianas marcavam presença com lenços de seda charmosos. As latinas, vaidosas. As européias, discretas.

Um casal egípcio, ele médico e sua linda esposa, deram-me seu cartão para quando eu for à alexandria ligar e visitá-los. Sim, existem pessoas atenciosas e calorosas neste mundo insano. Os homens...bem os homens em ternos sóbrios, quase todos eles. Poucos se sobressaíram, quero dizer, poucos chamaram a minha atenção. O jovem médico da república tcheca, moreno de olhos castanhos que me fez lembrar dos livros de milan kundera, e os ingleses, com sua fleuma e senso de humor peculiares - desde o catedrático de cambridge até os jovens médicos que arriscavam um "obrigada, amiga", assim como os orientais [não sei se eram chineses, japoneses ou coreanos] que arriscavam um "obrigada" quando atendidas as suas expectativas. Curiosamente os dois grupos aprenderam a falar "obrigada" e não "obrigado", o que no final dava um certo charme por desconhecerem completamente as nuances gramaticais do português.

Culturas e hábitos bastante diferentes. Um médico, não sei exatamente de onde, um dia me perguntou se havia uma sala para orações, revelando-se assim ser um muçulmano cioso de suas obrigações diárias. Um brasileiro desfilava pelo pavilhão todos os dias usando a kipá fixada por alguns grampos.

Mas a nota destoante, como não poderia deixar de ser, foi o rigoroso frio daqueles dias...