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23 janeiro, 2010

falando em haiti, e aí ministro?

O ministro da defesa, Nelson Jobim, é uma figura tão folclórica quanto o seu comandante-em-chefe, o presidente da república. O ministro desembarcou em Porto Príncípe, semana passada, vestindo impecável uniforme militar, mesmo sendo ele um civil - Ah! vaidade das vaidades, não foi a primeira vez que ele exibiu-se fardado.

Mas "a pérola", que constará dos anais deste episódio trágico da humanidade, foi dita pelo super experiente Nelson Jobim ao proferir o seguinte comentário, lógico, cercado de microfones, celulares, jornalistas e cinegrafistas das emissoras que lá estavam:  “Falar em desaparecidos é eufemismo”.

parêntesis: ensaio escrever sobre este assunto desde a semana passada, primeiro pela falta de senso do ministro, segundo, porque  resgate após resgate,  passamos a assistir a tenacidade dos haitianos soterrados que emergiam das ruínas. Jovens, crianças, velhos, mulheres grávidas, e até mesmo estrangeiros,  deram ao mundo a noção exata da capacidade do ser humano em sobreviver às mais difícieis condições; daí que a cada imagem de resgate noticiada, inevitavelmente, me fazia lembrar do ministro e sua frase de efeito nada eufemístico.


A sensibilidade, delicadeza e elegância é do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em Porto Príncipe, capital do Haiti - imensa favela transformada pelo terremoto de efeito 35 vezes superior à bomba atômica de Hiroxima em campo de refugiados com milhares de mortos, moribundos, feridos, onde falta tudo e impera o sofrimento e o desespero.

E o ministro fez questão de esclarecer que “desaparecido é o termo técnico para corpos não encontrados”. Verborréia também é termo técnico.  
fonte: VEJA.com, por Antonio Ribeiro

Vale lembrar que toda essa sensibilidade ministerial emerge em casos de tragédia, portanto, não é novidade em se tratando de Nelson Jobim.