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26 fevereiro, 2010

um pouco de adelia prado

google imagens

A mim que desde a infância venho vindo

como se o meu destino

fosse o exato destino de uma estrela

apelam incríveis coisas:

pintar as unhas, descobrir a nuca,

piscar os olhos, beber.

Tomo o nome de Deus num vão.

Descobri que a seu tempo

Vão me chorar e esquecer.

Vinte anos mais vinte é o que tenho,

mulher ocidental que se fosse homem

amaria chamar-se Eliud Jonathan.

Neste exato momento do dia vinte de julho de mil novecentos e setenta e seis,

o céu é bruma, está frio, estou feia,

acabo de receber um beijo pelo correio.

Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome.




Sou apaixonada por esta poesia de Adelia Prado, escritora mineira da melhor qualidade. Durante um tempo eu o usei em minha página inicial no orkut, mas com as adaptações à minha história e aos meus 40 anos - quem já atravessou esta marca poderá se identificar com as imagens e emoções desta escritora. 




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Poesia Reunida
Adélia Prado
430 páginas
editora ARX