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25 junho, 2010

a finitude

Oi Gente,

Já chorei hoje, aquele choro incontido que a razão não consegue represar. Por quê?

Ah... algumas coisas aconteceram nesta longa semana por justas razões emocionais.

A começar com a tsunami que atingiu os estados de Alagoas e Pernambuco, afinal, tenho laços afetivos com uma das cidades atingidas em Alagoas.

Minha mãe é alagoana de Murici e as enchentes de inverno não são novidades a quem conhece a região.  Enchentes conhecemos e já sofremos por elas. Muitas vezes.

Tanto que meus familiares que residem em Murici já se mudaram várias vezes, e hoje a maioria que lá  reside já se instalou  na parte alta da cidade que não foi atingida.

Mas a casa de minha avó efetivamente deixou de existir no último final de semana. A cheia do rio acabou com a história daquela casa e entristeceu quem lá residia e que perdeu tudo - uma cunhada e duas sobrinhas de minha mãe. 

Quem já me conhece sabe que aqui não irei reclamar da natureza e sua inteligência. Jamais. A natureza é sábia, nós, seres humanos é que somos ignorantes e arrogantes. Sim, este é um ano de exuberância da natureza em todos os lugares. A precariedade que vemos decorre das condições oferecidas pelos humanos aos próprios humanos.

A discussão é extenuante sem solução ou conclusão. Daí a finitude das coisas.

A segunda finitude, por consequência, é da própria vida. Alguém ainda duvida?

A terceira finitude é também afetiva. Meu amicão, e quem aqui frequenta sabe o quanto ele me é caro, revelou-se frágil nas últimas semanas.

Não me julguem ou a minha família, sim, somos apegados ao Ziggy porque ele nos ensinou muito. Agregou seria melhor aplicado. Hoje ele conta com 11anos e 4meses e esta marca começa a apresentar sua conta.

O mês de maio é historicamente aquele em que ele deve visitar o veterinário [avaliação clínica e renovar as vacinas]; pois bem, este ano a Vet reconheceu um tumor no baço e uma irregularidade nos batimentos cardíacos [= sopro]. Novos exames solicitados. Primeiro reconhecer o tumor e ele é grande, a seguir, pelo tamanho do tumor , a cirurgia para extração do baço se revelava a melhor alternativa, mas antes, era preciso uma avaliação do coração do peludo e esta, infelizmente, revelou um quadro mais grave que o próprio tumor: ela é degenerativa e de grande amplitude.

Mas quem vê o peludo não enxerga tudo isso. Ele é alegre, forte e valente.

Hoje logo cedo a Vet avaliou os resultados deste último exame ficou claro que a cirurgia é inviável. O Ziggy não resistiria.

Quem leu até aqui e imagina que ligar a tragédia de Alagoas e Pernambuco à velhice de um animal doméstico seja futilidade e/ou exibicionismo, posso responder aqui:

- o Ziggy representa alegria, felicidade, amizade e muito carinho; o carisma desse cachorrinho é impressionante, o número de pessoas influenciadas por sua existência até hoje é significativo, e esta quantidade se refere às muitas pessoas que ao longo desses onze anos perderam o medo da companhia de um cachorro, reconheceram que a amizade de um animal é importante para suas vidas, algumas vezes solitárias ou que a presença de um animal agregaria suas famílias.

Não é pouco. E mesmo a nossa família que reside em Alagoas conhece esse peludo e já usufruiu de sua alegria e carisma e dessa experiência levaram às suas realidades amigos de 4 patas.

Hoje fui a mais atingida pela notícia. O Ziggy sempre foi um amigo incondicional,  jamais faltou solidariedade nos meus momentos mais difíceis nesses anos. Solidariedade indescritível. E sim, admito, mais solidadriedade e compreensão que muitos seres humanos que já conheci.

A finitude.