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17 agosto, 2010

singular, plural


Os últimos dias  têm sido, para mim, de reflexão sobre isso: o singular e o plural.

O singular nos identifica com o ímpar e com número primo da matemática. Divisível por ele mesmo e por 1. Acaba dando no mesmo. Singular. Singular também se refere a aquilo que é único. Se único, indivisível. Singular também pode ser o egoísmo e o egocentrismo que sempre se conjugam na 1ª pessoa do singular. Singular representa tudo aquilo que mesmo só não terá parâmetro jamais porque a quem ou ao que se equivaler?
 
Singular é tudo aquilo que permanece mesmo com o passar do tempo. É o talento de Frank Sinatra e Ella Fitzgerald. Os passos de Fred Astaire dançando com um cabide e de Michael Jackson desafiando a gravidade [e aqui não me refiro ao moonwalker]. É a beleza de uma cena inesquecível de um filme ou de um livro, o Cristo Redentor sozinho lá no alto, a Estátua da Liberdade enfrentando o oceano, a silenciosa marcha de Gandhi em direção ao mar, o discurso de Martin Luther King Jr. revelando um sonho, de Jackie Kennedy engatinhando para recolher o pedaço de seu marido atingido por tiros, um farol a sinalizar solitário no topo de uma montanha, a foto impactante da primeira página do jornal, uma música, aquele momento indivisível que representa a sua emoção: o primeiro beijo, o primeiro amor, o verdadeiro amor.

Infelizmente, singular também se reflete para o lado da sombra. A maldade humana [será que ela é intrínseca à nossa natureza?] elevada à máxima potência ou algo parecido: os genocídios, as barbáries, a violência gratuita...ah! permitam que a imaginação de vocês enumerem estas singularidades.

Mas... e aí? O que mais?

Nos dias que correm - e  nem sempre nos damos conta, eu sei - vivemos as nossas singularidades: isolados nos carros blindados, isolados pelo som do mp3, muitas vezes atendendo às ligações que nos chegam via celular, e que não nos damos conta, mas, invadimos a privacidade alheia quando falamos alto ou respondemos alto ao telefone etc. Isso ocorre no lugar público e no ambiente privado. Sem esquecer deste instrumento de comunicação, o computador, que nos interliga e que, ao mesmo tempo, nos distancia das pessoas que estão ao nosso redor, a nossa frente, esperando para sair ou para o jantar ou até mesmo para o receber o 'boa noite'.

Pense bem. Qual foi o seu último escorregão?

É aqui que chegamos no plural.

Viver em sociedade é viver no plural. Na diversidade. Em meio ao diferente. É um constante exercício de tolerância. Ao menos, deveria ser.

Ser plural significa que você deve estar preparado à concessão em diferentes níveis e esferas da vida cotidiana. É ceder o espaço a alguém que precisa mais que você, é não se dar bem  a preço nenhum, é ajudar e colaborar, é reconhecer que estamos todos aqui, como transeuntes, e que novas gerações virão ocupar este lugar, este ínfimo m² em que nos encontramos neste exato momento, é saber que enquanto jovem você tem a ensinar e ainda mais a aprender.

Em resumo, somos um coletivo. Olhe a sua volta. Observe. Observe-se.

Não é fácil, eu sei. Mas se interiorizarmos duas máximas seculares, talvez funcione:


  1.  "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que eles fizessem a você"

  2.  "o seu direito termina onde  começa o direito do outro"



É isso. Eu continuo por aqui...refletindo...



Beijo da Cris*