Quero saber como você explica
quando um tema —
uma obra de arte, literatura, cinema, música etc — ronda a sua
vida?
Na realidade não é apenas a obra mas sim o
tema e a mensagem circunscrita. Aconteceu comigo mais de uma vez e a última me cercou nos dois últimos meses com O escafandro e a
borboleta.
E em outros idiomas em que o título está traduzido há poesia e sonoridade:
o original francês
Le
Scaphandre et le papillon
em inglês
The
Diving Bell and the butterfly
na língua espanhola
La Escafandra y la
mariposa
no italiano
L’Escafrandre i la papallona
Agora imagine do que se trata esse
título — quem ainda não sabe, nem desconfia o
que o espera. Assim como eu não sabia.
Primeiro, ouvi um cinéfilo comentar
a respeito do filme e da incrível interpretação de Mathieu Amalric — de fato, incrível. Mas o que está por trás do filme?
Na mesma semana, o filme foi exibido na Mostra na Cultura [da qual já falei aqui]. Pena que soube zapeando a tv, o que me aguçou mais a curiosidade, pois o filme já caminhava para o final.
Além desses eventos, fui a uma consulta médica na qual o médico é mais um cinéfilo daqueles que recomendam produções de qualidade. Logo na saída falei daquela obra, e ele nunca se deteve tanto em comentar um, contou que tem o dvd e confessou que o filme o emociona etc.
Como vêem, trata-se daquelas histórias que chegam até a gente por caminhos diferentes, além da resenha, além da crítica, além da sala do cinema, enfim.
Dito isso, a mim não bastava assistir ao filme, precisava ler o livro e saber um pouco mais sobre Jean-Dominique Bauby, o homem que escreveu o livro de mesmo título e de maneira heroica.
Na mesma semana, o filme foi exibido na Mostra na Cultura [da qual já falei aqui]. Pena que soube zapeando a tv, o que me aguçou mais a curiosidade, pois o filme já caminhava para o final.
Além desses eventos, fui a uma consulta médica na qual o médico é mais um cinéfilo daqueles que recomendam produções de qualidade. Logo na saída falei daquela obra, e ele nunca se deteve tanto em comentar um, contou que tem o dvd e confessou que o filme o emociona etc.
Como vêem, trata-se daquelas histórias que chegam até a gente por caminhos diferentes, além da resenha, além da crítica, além da sala do cinema, enfim.
Dito isso, a mim não bastava assistir ao filme, precisava ler o livro e saber um pouco mais sobre Jean-Dominique Bauby, o homem que escreveu o livro de mesmo título e de maneira heroica.
Jean-Dominique Bauby e seus filhos |
Para entender um pouco do
que se trata, em 1995, Jean-Dominique Bauby sofreu
um AVC que o manteve em coma por 20 dias.
Ao despertar, no hospital, veio a
constatação: Jean-Do [como os amigos o
chamavam] estava trancado em si mesmo, numa circunstância denominada locked-in
syndrome ou síndrome do encarceramento. Jean-Dominique acordou lúcido, porém,
encarcerado num corpo inerte, sem fala e com a audição atormentada.
A ele restou apenas um olho, o esquerdo, e com este, Bauby passou a se comunicar com a
ajuda da ortofonista que lhe ensinou a técnica de comunicação a partir do
piscar daquele olho, o que precedia a letra correta. E assim, letra por
letra surgiam as palavras, a história, o livro.
cena do filme |
A partir de seu encarceramento,
Jean-Dominique passou a ditar seu livro de memórias, o qual ditava diariamente, após decorar o capítulo por horas antes da escrevente chegar.
O AVC de Jean-Dominique Bauby aconteceu em 1995. Em 2007 sua
história foi levada às telas. Mas de tudo, o que fica é exatamente a situação claustrofóbica
vivida por Jean-Dominique, que acordou impedido de viver a plenitude de sua
vida adormecida 20 dias antes.
Voltando no tempo sabemos que ele é o editor da revista ELLE francesa, apaixonado pela vida, pelo filhos, pelo pai, amante da boa mesa e vivendo uma nova fase de sua vida.
cena do filme |
Não se engane porque não se trata de uma história de superação. Não espere autopiedade. Não há a menor esperança de recuperação a curto prazo. Lindo filme. Linda homenagem póstuma.
Jean-Dominique morreu 10 dias após a publicação do livro, vitimado por uma pneumonia.
Filme e livro se completam. No primeiro, Bauby narra sua história, é dele a palavra e a voz. No segundo, seu olhar é o protagonista, visitando o passado e mostrando o presente em que ele se encontra.
Em ambos, é possívelimaginar compreender o escafandro em que Jean-Dominique se encontra encarcerado, porém, para mim, ficou difícil imaginar como e de que cor era a borboleta.
Filme e livro se completam. No primeiro, Bauby narra sua história, é dele a palavra e a voz. No segundo, seu olhar é o protagonista, visitando o passado e mostrando o presente em que ele se encontra.
Em ambos, é possível
Leia o livro, assista ao filme e se emocione com esta história real.
O Escafandro e a Borboleta
Jean-Dominique Bauby
142 páginas