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05 janeiro, 2012

dica do sommelier n.3


Olá,
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Eu, como um amante do vinho, não deixo de lado um bom vinho branco, e por esse motivo acho que vocês irão gostar do artigo do jornalista Marcelo Copello.

Marcelo Copello é um dos mais respeitados críticos do vinho no Brasil. Foi eleito como o “melhor jornalista” pela revista Meininger’s Wine Business International em 2009 numa matéria destinada a indicar “quem é quem” no cenário brasileiro do vinho.

É autor de quatro livros de sucesso, sendo que Vinho & Algo Mais foi indicado para concorrer ao Prêmio Jabuti. Tem sua própria escola (Mar de Vinho) no Rio de Janeiro, e desde junho de 2011 é colunista da revista VEJA-Rio.

O texto a seguir é parte do artigo escrito por ele, anos atrás para Gazeta Mercantil.

Um abraço,




10 MOTIVOS PARA GOSTAR DE VINHOS BRANCOS
por Marcelo Copello



Enumerei abaixo 10 motivos e dicas para você descobrir e melhor apreciar os vinhos brancos em geral:

1. Clima
O clima da maior parte do Brasil na maior parte do ano pede vinhos mais refrescantes, mais leves ao palato e à digestão e servidos a temperaturas mais baixas;

2. Saúde
Que nossa bebida favorita faz bem, sobretudo os tintos, sabemos. Mas isto não deveria ser um argumento para o abandono dos brancos. Não esqueçamos que o "paradoxo francês" (baixo índice de problemas causados pelo colesterol em um país de alto consumo de gorduras saturadas) vem da nação que produz os maiores brancos do mundo.

Quem quiser uma justificativa para se conceder o prazer dos vinhos brancos, já tem: recentemente, cientistas do departamento de anatomia humana da Universidade de Milão, comprovaram que substâncias contidas nestes reduzem a tendência a doenças como artrite reumatoide e osteoporose.

3. Menor rejeição do organismo
Complementando o item anterior, os vinhos tintos são pura saúde para a maioria das pessoas, mas alguns infelizmente são sensíveis aos polifenóis e histaminas contidas em maior concentração nos tintos, sofrendo de alergias e enxaquecas. Para estas pessoas os brancos são a solução.

4. Gastronomia
Na hora de harmonizar vinhos e pratos, os brancos são bem mais versáteis e combinam com uma gama muito maior de pratos.

O tanino dos tintos pode ser um fator complicador, pois pode "brigar" ou se sobrepor a uma série de ingredientes e receitas, o que não acontece com os brancos.

Além de saladas, frutos do mar e doces, os brancos são o ideal com: aspargos, chucrute, cozinha chinesa, cozinha japonesa, cozinha tailandesa, curries, escargots, foie gras (escalope e terrine), rãs e, conforme a receita, podem ser a melhor escolha para o risoto, pato, vitela e presunto cru, por exemplo.

5. Queijos & Vinhos e o Fondue
Na hora do seu ‘Queijos & Vinhos’ os brancos também são mais versáteis, pois combinam com uma gama muito maior de queijos.

Para as receitas de fondue de queijo em geral, os vinhos brancos estruturados e com boa acidez são os mais indicados, como um Riesling.

6. Serviço correto
Apreciar um bom branco exige um serviço correto. Taças ovaladas são importantes para valorizar os aromas do vinho e a temperatura certa é fundamental para que o vinho mostre seu frescor. Quem prova brancos quentes tem todos os motivos para não gostar deles.

Sirva: cerca de 6ºC a 8ºC para brancos doces (Sauternes, Moscato, Tokaj); de 8ºC a 10ºC para brancos suaves e alguns brancos secos (Gewürztraminer, Vinho Verde, Muscadet, Vouvray, Sancerre, Orvieto, Chenin Blanc); de 10ºC a 12ºC para brancos mais secos (Borgonhas, Chablis, Bordeauxs brancos, Jerez fino, Riesling, Soave, Verdicchio, Chardonnay e Sauvignon Blanc em geral); 12ºC a 14ºC para grandes brancos secos com mais idade.

7. Bom gosto e bom senso
O "bom gosto" a que nos referimos é ter o bom senso de servir o vinho adequado a cada ocasião, a cada prato e a cada ambiente. Sabemos que, por exemplo, dormir de smoking, ou ir de biquíni à opera no Teatro Municipal é um pouco fora do bom senso.

Assim é com o vinho. Cada tipo de vinho tem seu momento, a sua hora. Para quem pede tinto sempre, independente do prato ou da ocasião, experimente um bom branco na hora certa e faça o teste.

8. Estilos
Existe uma ampla gama de vinhos brancos para vários paladares e várias ocasiões. Podem ser doces, meio-doces ou secos; florais, frutados, minerais, barricados (fermentados em madeira e, portanto, com aromas de baunilha, tostados etc); leves ou encorpados. Como exemplos de brancos leves podemos citar: Vinhos Verdes, Sauvignon Blanc, Pinot Grigio, Torrontés e Chablis AOC. Alguns mais encorpados são: vinhos barricados (fermentados em madeira) em geral, Rieslings, Chardonnay, Alvarinhos (alguns são barricados), brancos do Rhône (Chateauneuf-du-Pape, Condrieu), Chablis Grand Cru.

9. Brancos de guarda
É verdade que em regra geral os brancos não envelhecem bem, mas existem muitas exceções. Bordeaux de maior estirpe, Borgonhas e Chablis 1er Cru e Grand Cru, os melhores Rieslings de vários países, Sémillons australianos do Hunter Valley, diversos brancos portugueses, como os da casta Encruzado, são brancos que podem viver mais de uma década sem problemas e lhe dar grandes alegrias na hora de apreciá-los.

Os vinhos doces em geral são bastante longevos e vivem décadas.

10. A cara do Brasil
O vinho branco combina não só com nosso clima mas também com o temperamento expansivo da população, o que sugere uma maior afinidade com a fragrância dos brancos do que com os tintos mais sérios e cerebrais. É um dos caminhos para o aumento de consumo desta bebida no Brasil.

11. Bonus track
Um dos maiores encantos do vinho é sua diversidade. Normalmente quem gosta de vinho gosta de experimentar, está sempre em busca de novos sabores.

Para quem só degusta os tintos, continue a gostar dele, mas dê uma chance aos brancos, pois abdicar deles é abrir mão de uma grande parte da produção mundial desta bebida e de muitas descobertas e bons momentos.


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