Olá,
.
Eu, como um amante do vinho, não deixo de lado um bom vinho branco, e por esse motivo acho que vocês irão gostar do artigo do jornalista Marcelo Copello.
.
Eu, como um amante do vinho, não deixo de lado um bom vinho branco, e por esse motivo acho que vocês irão gostar do artigo do jornalista Marcelo Copello.
Marcelo Copello é um dos mais
respeitados críticos do vinho no Brasil. Foi eleito como o “melhor jornalista”
pela revista Meininger’s Wine Business International em 2009 numa matéria
destinada a indicar “quem é quem” no cenário brasileiro do vinho.
É autor de quatro livros de sucesso,
sendo que Vinho & Algo Mais foi indicado para concorrer ao Prêmio Jabuti.
Tem sua própria escola (Mar de Vinho) no Rio de Janeiro, e desde junho de 2011 é
colunista da revista VEJA-Rio.
O texto a seguir é parte do artigo
escrito por ele, anos atrás para Gazeta Mercantil.
Um abraço,
10
MOTIVOS PARA GOSTAR DE VINHOS BRANCOS
por Marcelo
Copello
Enumerei abaixo 10 motivos e dicas
para você descobrir e melhor apreciar os vinhos brancos em geral:
1. Clima
O clima da maior parte do Brasil na
maior parte do ano pede vinhos mais refrescantes, mais leves ao palato e à
digestão e servidos a temperaturas mais baixas;
2. Saúde
Que nossa bebida favorita faz bem,
sobretudo os tintos, sabemos. Mas isto não deveria ser um argumento para o
abandono dos brancos. Não esqueçamos que o "paradoxo francês" (baixo
índice de problemas causados pelo colesterol em um país de alto consumo de
gorduras saturadas) vem da nação que produz os maiores brancos do mundo.
Quem quiser uma justificativa para
se conceder o prazer dos vinhos brancos, já tem: recentemente, cientistas do
departamento de anatomia humana da Universidade de Milão, comprovaram que
substâncias contidas nestes reduzem a tendência a doenças como artrite
reumatoide e osteoporose.
3. Menor rejeição do organismo
Complementando o item anterior, os
vinhos tintos são pura saúde para a maioria das pessoas, mas alguns
infelizmente são sensíveis aos polifenóis e histaminas contidas em maior
concentração nos tintos, sofrendo de alergias e enxaquecas. Para estas pessoas
os brancos são a solução.
4. Gastronomia
Na hora de harmonizar vinhos e
pratos, os brancos são bem mais versáteis e combinam com uma gama muito maior
de pratos.
O tanino dos tintos pode ser um
fator complicador, pois pode "brigar" ou se sobrepor a uma série de
ingredientes e receitas, o que não acontece com os brancos.
Além de saladas, frutos do mar e
doces, os brancos são o ideal com: aspargos, chucrute, cozinha chinesa, cozinha
japonesa, cozinha tailandesa, curries, escargots, foie gras (escalope e
terrine), rãs e, conforme a receita, podem ser a melhor escolha para o risoto,
pato, vitela e presunto cru, por exemplo.
5. Queijos & Vinhos e o
Fondue
Na hora do seu ‘Queijos & Vinhos’
os brancos também são mais versáteis, pois combinam com uma gama muito maior de
queijos.
Para as receitas de fondue de queijo
em geral, os vinhos brancos estruturados e com boa acidez são os mais
indicados, como um Riesling.
6. Serviço correto
Apreciar um bom branco exige um
serviço correto. Taças ovaladas são importantes para valorizar os aromas do
vinho e a temperatura certa é fundamental para que o vinho mostre seu frescor.
Quem prova brancos quentes tem todos os motivos para não gostar deles.
Sirva: cerca de 6ºC a 8ºC para
brancos doces (Sauternes, Moscato, Tokaj); de 8ºC a 10ºC para brancos suaves e
alguns brancos secos (Gewürztraminer, Vinho Verde, Muscadet, Vouvray, Sancerre,
Orvieto, Chenin Blanc); de 10ºC a 12ºC para brancos mais secos (Borgonhas,
Chablis, Bordeauxs brancos, Jerez fino, Riesling, Soave, Verdicchio, Chardonnay
e Sauvignon Blanc em geral); 12ºC a 14ºC para grandes brancos secos com mais
idade.
7. Bom gosto e bom senso
O "bom gosto" a que nos
referimos é ter o bom senso de servir o vinho adequado a cada ocasião, a cada
prato e a cada ambiente. Sabemos que, por exemplo, dormir de smoking, ou ir de
biquíni à opera no Teatro Municipal é um pouco fora do bom senso.
Assim é com o vinho. Cada tipo de
vinho tem seu momento, a sua hora. Para quem pede tinto sempre, independente do
prato ou da ocasião, experimente um bom branco na hora certa e faça o teste.
8. Estilos
Existe uma ampla gama de vinhos
brancos para vários paladares e várias ocasiões. Podem ser doces, meio-doces ou
secos; florais, frutados, minerais, barricados (fermentados em madeira e,
portanto, com aromas de baunilha, tostados etc); leves ou encorpados. Como exemplos
de brancos leves podemos citar: Vinhos Verdes, Sauvignon Blanc, Pinot Grigio,
Torrontés e Chablis AOC. Alguns mais encorpados são: vinhos barricados
(fermentados em madeira) em geral, Rieslings, Chardonnay, Alvarinhos (alguns
são barricados), brancos do Rhône (Chateauneuf-du-Pape, Condrieu), Chablis
Grand Cru.
9. Brancos de guarda
É verdade que em regra geral os
brancos não envelhecem bem, mas existem muitas exceções. Bordeaux de maior
estirpe, Borgonhas e Chablis 1er Cru e Grand Cru, os melhores Rieslings de
vários países, Sémillons australianos do Hunter Valley, diversos brancos
portugueses, como os da casta Encruzado, são brancos que podem viver mais de
uma década sem problemas e lhe dar grandes alegrias na hora de apreciá-los.
Os vinhos doces em geral são
bastante longevos e vivem décadas.
O vinho branco combina não só com
nosso clima mas também com o temperamento expansivo da população, o que sugere
uma maior afinidade com a fragrância dos brancos do que com os tintos mais
sérios e cerebrais. É um dos caminhos para o aumento de consumo desta bebida no
Brasil.
11. Bonus track
Um dos maiores encantos do vinho é
sua diversidade. Normalmente quem gosta de vinho gosta de experimentar, está
sempre em busca de novos sabores.
Para quem só degusta os tintos,
continue a gostar dele, mas dê uma chance aos brancos, pois abdicar deles é
abrir mão de uma grande parte da produção mundial desta bebida e de muitas
descobertas e bons momentos.
.
.