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12 janeiro, 2009

e a reforma ortográfica?

Ufa! Parece que nem aqui nem em Portugal há interesse em se correr a reestudar o idioma. Os demais países que adotam o português como idioma oficial, me perdoem, mas aqui só chegam informações sobre a reação em Portugal. Escrevo isso porque os debates são acalorados, e não se pode tirar a razão de ambos os lados. A questão não se refere ao idioma falado, esse não tem jeito, cada um no seu quadrado. Mas a grafia... sai hífen, entra hífen, cai acento, some o trema, consoantes mudas sumirão. Mas não estou só na resistência às novas regras. Escritores como Milton Hatoum e João Ubaldo Ribeiro - também reagem, foi o que eles disseram no Jornal Nacional. O primeiro, autor premiado do livro Dois Irmãos, não põe fé na unificação do português de Portugal e das ex-colônias portuguesas. Segundo ele, escritas diferentes correspondem às diferenças de pensamento: "A ortografia, no final das contas, tem a ver com nosso modo de ser. E o nosso modo de ser pede, e até exige, um acento agudo na palavra idéia". João Ubaldo Ribeiro, imortal da Academia Brasileira de Letras, acha a reforma inútil e critica um dos argumentos [político] dos defensores da nova ortografia; o escritor disse "Chinês, que não tem alfabeto, tem ideogramas, não cogita fazer reforma nenhuma e nem precisa de reforma nenhuma, está se impondo por sua presença econômica". E ironia das ironias para o imortal João Ubaldo, justo ela, a Academia Brasileira de Letras defende por aqui a unificação; Simplificar a gramática é modernizar, diz o acadêmico Evanildo Bechara, também da ABL e um dos mais conhecidos professores e estudiosos da Língua Portuguesa. Quem me conforta é o professor Pasquale. Para ele pagaremos caro por poucos benefícios. "Mas eu não sei se essa simplificação compensa. O custo é alto. Qual é o custo? Existe a questão de readaptar as pessoas. As pessoas já letradas. Os programas de computador todos têm que ser alterados. O custo é alto". Fora o milhares de livros a serem considerados ultrapassados. Confesso que demorei um tempo para me tornar uma boa amiga da gramática. E entender tantas regras de palavras terminadas neste ou naquele ditongo... ai, ai, ai. E agora, sumirão acentos de determinadas palavras, sumirá o hífen de tantas outras, e o que dizer do trema??? Somente nomes e palavras de origem estrangeira permanecerão Müller, p.ex, já se acentuar cinqüenta, estará erradíssimo [mas, pensando bem, hoje em dia o uso de cheques está rareando, quem vai se preocupar com isso?] Tive um professor de português que sempre brincava: - vocês preferem sanduíche de lingüiça ou de 'linguíça'? - o de lingüiça é original, autêntico; o de 'linguíça' é barato... e não existe!! Penso nesse professor, além da reforma ortográfica terá de rever seu arsenal de dicas e piadinhas.