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17 abril, 2010

diva das divas




Já confessei aqui que adoro uma diva.

Tenho um panteão só para elas. E de todas a primeira sempre será Greta Garbo. E somente hoje descobri que essa semana completou 20 anos de sua morte.

Encontrei duas interessantes matérias para ilustrar um pouco quem foi Greta Gustaffson, jovem sueca, balconista de uma loja, descoberta para o cinema sueco, ainda muito distante do mito que Hollywood forjaria com lentes e biografia.
Há vinte anos, o JB dedicou uma página para falar da atriz que morrera em 15.04.1990:

Quando ela apareceu pela primeira vez nas telas americanas foi um impacto. Quando decidiu se afastar delas para sempre, vinte anos depois, o impacto não foi menor. Como se o público e o próprio cinema tivessem plena consciência de que jamais haveria outra igual. Com a morte de Greta Garbo, no domingo de Páscoa de 1990, aos 84 anos, a história do cinema perdeu não só uma das suas estrelas mais luminosas, mas também seu maior mito.

Encanto e mistério. Toda a vida de Greta Garbo, nas telas e fora delas, parece ter-se passado entre uma coisa e outra. Sua própria história já daria um grande filme. Um pouco de Cinderela, muito de mulher fatal, mas acima de tudo uma indecifrável personagem que o público aprendeu a amar à primeira vista, isto é, desde o distante Laranjais em flor (1926).

Até seu último filme, Duas vezes meu (1941), foi o mais importante nome feminino do cinema. A personalidade, mais que o talento, garantiu-lhe esse reinado quase absoluto. Influenciou a moda dos anos 30, os cabelos lisos, os casacos sóbrios, os chapéus grandes com aba cobrindo os olhos, os óculos escuros, a pintura mínima. Houve quem dissesse que todos os seus gestos vigorosos, frios, quase masculinos, eram rigorosamente estudados. E que o mistério que transmitia, também. Garbo interpretou algumas personagens que muito se identificavam com sua personalidade. A frase de tédio que cunhou em um de seus filmes – “Quero ficar sozinha” – acabaria ganhando força também na vida real. Em 1941, abandonou o cinema e se entregou à solidão.

Nunca se soube a causa de seu isolamento. Estava no auge de sua carreira, ganhava um dos mais altos salários de Hollywood, continuava sendo adorada. Tinha apenas 36 anos. Os poucos que a viram e ouviram depois disso contam que costumava referir-se à sua carreira citando um verso de Goethe: “... lento e sem pausa, como uma estrela”.

E para falar da homenagem do canal TCM, esta semana o ESTADÃO escreveu:

Nesse período, nunca faltaram diretores dispostos a lhe oferecer o grande papel para o seu retorno. Luchino Visconti foi um deles. Durante anos ele sonhou com sua adaptação do romance Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, reservando para Garbo o papel da Rainha de Nápoles, mas estava escrito que ela não aceitaria (e que o filme nunca seria feito). Divina Garbo. Ela foi, talvez, o mito mais misterioso criado por Hollywood e permanece como o mais indestrutível. Livros e filmes tentaram explicar o segredo dessa permanência.


A data - os 20 anos de morte - foram lembrados pelo canal pago TCM, que programou cinco filmes interpretados pela estrela. O maior deles é Rainha Cristina, de Rouben Mamoulián, mas outros dois foram essenciais na construção do mito - A Dama das Camélias, de George Cukor, e Ninotchka, de Ernst Lubitsch, todos dos anos 1930.



Críticos até hoje discutem se Garbo era mesmo uma atriz. Sem dúvida que ela mostrou que sabia representar - e nunca foi mais impressionante do que na morte de Marguerite Gauthier, a dama das camélias. Mas o momento sublime de Garbo no cinema é o plano sequência de Rainha Cristina, no desfecho do filme de Mamoulián - Cristina abdicou do trono da Suécia e está partindo. Ela se posiciona na proa do navio e a câmera descreve um lento movimento rumo ao seu rosto. Garbo fica imóvel, sem mover um músculo, olhando o que parece o horizonte distante. Não existe uma linha de diálogo, um piscar de olhos. Uma estátua de mármore. A imagem é emblemática - o espectador pode ler tudo naquele rosto que não expressa nada.