.


.

.

20 janeiro, 2012

cotidiano


Enquanto isso, na fila do caixa, observo ...

Prestes a embarcar para o litoral, um avô, mochila nos ombros, mala com rodinhas ao seu lado, tenta abrir com uma das mãos a embalagem daquele sorvete de baunilha com cobertura de chocolate belga, sem derrubar o outro picolé de frutas comprado para ele próprio.

Sem causar nenhum desastre, desembala o saboroso sorvete, e cuidadosamente ajeita a embalagem de modo a preservar a netinha e sua roupinha de uma futura lambança.

A menininha, toda trabalhada em rosa e uva, olhinhos azuis e cabelos cacheados – linda! – olha atentamente para seu avô e decidida diz:

- Eu não quero papel!

O experiente avô, com os sorvetes nas mãos feito dois malabares, finge não ouvir as palavras autoritárias da pequenina, apreensivo com a sua mala já um pouco distante...

- Eu não quero papel! não quero papel! não quero papel! não quero papel!
Então, sem renunciar ao seu título de avô, faz a vontade da menininha, e ao lhe entregar o sorvete, desabafa:

- Você é um saco, hein?
 Cris*Borrego