Fecho os olhos, respiro fundo e finalmente
cumpro meus compromissos que mais que sociais são, acima de tudo, pessoais e afetivos.
Ontem me reuni com amigas, que podem ser recentes
no calendário gregoriano, porém, são minhas conhecidas sei-lá-desde-quando.
Dentre tantos assuntos, um deles – ai, não me
recordo qual – lembrei-me de
uma das cenas mais lindas que já assisti, dentro de um dos filmes mais bonitos
que o cinema mundial já produziu.
Falo de A
Missão (1986)
Nele conhecemos a história dos padres jesuítas
que vieram com o trabalho de catequizar os índios no novo continente em terras
portuguesas e espanholas.
Sim! É como se José de Anchieta e Manoel da
Nóbrega fossem resgatados dos livros e das estátuas e ganhassem vida nas telas.
No entanto, a história é contada por jesuítas
menos ilustres em nossos livros de história, porém, tão reais e fiéis à missão
quanto os renomados.
A cena em questão é uma narrativa, em imagens,
da redenção de um mercenário caçador de indígenas, brilhantemente interpretado
por Robert de Niro.
A sequência daquele recém-convertido seguindo
por penhascos a caminho da missão onde se sagrará padre é uma das cenas mais
emocionantes que já assisti. Sem palavras, só a imagem daquele homem arrasado –
as
razões se encontram na história de seu passado recente – e que carrega nas costas os seus pertences da
vida mercenária [vida material] numa alegoria ao seu passado, rumo à nova vida
[espiritual].
O caminho é difícil, ainda mais com essa carga
extra nas costas. Ao longo do caminho ele cai, escorrega, tropeça e a cada novo
trecho vai ficando mais e mais cansado. Escaladas aparecem, na belíssima região
das Cataratas do rio Iguaçu, a mata é densa ao redor... eis que quase exaurido
e sofrendo física e emocionalmente, o personagem cai e nesse ponto um índio –
como aqueles que ele sequestrava para vender como escravo, se aproxima, fala e
gesticula muito em sua língua nativa e em dado momento saca uma faca. Pensamos
que se aproxima o fim do recém-convertido, mas, eis que o índio, corta a corda
que amarra toda a tralha das costas de Rodrigo Mendoza.
Redenção...
Esses parágrafos formam uma sequência
cinematográfica belíssima embalada com a trilha sonora do maestro Ennio
Morricone, então, como não se emocionar?
trailer