“O simpático costume de comer nhoque no dia 29 pode ser recente, mas a história do prato é bastante antiga.Foi certamente o primeiro tipo de massa caseira. O espaguete, o ravióli e companhia são posteriores.Supõe-se que o nhoque exista desde os antigos gregos e romanos. Na Itália, chamaram-no primeiramente de macarrão.Na Idade Média, porém, já era conhecido com o nome atual. Em português, escreve-se nhoque. Fica parecendo vocábulo de ascendência tupi-guarani. Em italiano, grafa-se gnocchi.O sociólogo paulista Gabriel Bolaffi, no livro A Saga da Comida, 2000, diz significar "algo como pelota, isto é, uma pelotinha de farinha amassada com água".Mudando conforme os ingredientes da massa e do molho, o nhoque começou a ser elaborado com várias farinhas — sobretudo de trigo, arroz e inclusive com miolo de pão — misturadas com água, temperadas com sal e cozidas na água, propiciaram alimentos substanciosos. Anos depois, a massa foi enriquecida com espinafre, queijo, castanha, carne ou peixe.
foto Cris*Borrego Após a introdução do milho na Itália, em meados do século 16, surgiu o nhoque de polenta. Mas foi a chegada da batata, entre os séculos 16 e 17, que mudou a história do prato.
E ela, a batata, se tornou seu ingrediente protagonista, embora continuem prestigiados os nhoques de farinha de trigo e semolina.Os sicilianos criaram uma receita exemplar: o seu nhoque mais famoso usa farinha de trigo e ricota de ovelha; no molho, uvas passas, manjericão fresco e pinoli.A receita dos romanos leva semolina, cozinha no leite e vai ao forno com queijo parmesão.No passado, o nhoque era uma preparação característica das cozinhas do norte e centro da Itália. Hoje, caiu em domínio nacional. Venceu até a resistência dos napolitanos, adeptos irredutíveis do espaguete e outras massas de fio longo. Alastrou-se aos países vizinhos."
fonte: trecho do site Italia oggi/gastronomia,
citando matéria d’O Estado de S. Paulo
A
minha mais remota lembrança desse prato me leva à cozinha da casa de minha avó
Octavia. Vejo minha avó preparando a massa, os rolinhos, fatiando em pedacinhos, olhando se a
água está quente o suficiente para mergulhá-los sem antes passá-las – uma a uma
no verso do ralador de queijo e transformá-las em pequenas esculturas.
Mudamos
de lá e minha mãe tornou-se uma exímia fazedora de nhoques, para
deleite de todos nós, aos domingos.
foto Cris*Borrego |
De
fato, a batata é a protagonista porque se ela não for própria para a receita o
prato perde a graça e o seu preparo pode se sobrecarregado de farinha e aí
adeus prazer à mesa...
E
hoje, sem se dar conta de que estávamos em um domingo 29, ela - minha mãe -preparou essa iguaria
relativamente simples de se fazer: farinha, batatas cozidas, 1 ovo, queijo
ralado.
Faltou
o vinho... o Corvo tinto que saboreamos domingo passado...