.


.

.

27 abril, 2013

opinião


Em 5 de outubro de 1988, em ato solene, foi promulgada a Constituição.

Se você que me lê, tiver curiosidade e paciência suficientes, encontrará o texto na íntegra pela internet, para isso, bastará pesquisar no google por ‘constituição federal’, o primeiro link resposta será o melhor de todos, do Gabinete da Casa Civil da Presidência da República, com brasão e tudo.

O texto inicia com um preâmbulo. Com mais atenção, reli o preâmbulo e destaquei os pontos que julgo importantes para poder entrar no tema desse meu post. A leitura ficou assim,

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

Se você tiver interesse em prosseguir a sua leitura da Constituição Federal sugiro que siga direto para o Art 5º, onde estão os Direitos e Garantias Fundamentais, mais precisamente o início dos DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. São 78 incisos grafados em romano, não se assustem com esse detalhe, criem coragem e enfrentem o texto, garanto que valerá a pena, não só a título de curiosidade, mas sim, como aprendizado sobre tudo aquilo que deve ser aprendido.

Mas, vamos lá. Passado esse meu momento cursinho, quero com isso dizer o seguinte:

- Caetano Veloso não me representa;

- Marco Feliciano e Silas Malafaia não me representam;

- Jean Wyllys também não me representa;

- Tampouco Jair Bolsonaro me representa;

- O Congresso Nacional, os membros das duas casas e seus garçons sequer sabem que eu existo, logo, também não me representam;

- A presidente Dilma Roussef?, não, ela também não me representa; aliás, nem ela, nem o governador do estado, nem o prefeito da cidade em que moro me representam;

- Resumindo, os encastelados em palácios, gabinetes e institutos não me representam.

A verdade é que esses personagens tão nem aí para o que eu penso, o que eu sinto, o que eu preciso. E querem saber mais? tão nem aí pra vocês também!

Hoje, nesse exato instante, precisamos ter garantidos os nossos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, não estádios de futebol ou cidades olímpicas, não projetos mirabolantes embutidos na sigla PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ou então textos inelegíveis por trás da sigla PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Senhores parlamentares, garantam minimamente aquilo que está contido na letra da Constituição de 1988!

Uma tragédia coletiva como a de Santa Maria não é o parâmetro para esse meu texto. Eu me refiro às tragédias individuais, silenciosas, cotidianas e também àquelas que infelizmente acontecem e repercutem em telejornais medíocres e nada esclarecedores.

Diariamente ouvimos, lemos e comemos tais histórias, mas nem por isso conseguimos digeri-las. Não critico apenas os mau-humorados e endinheirados apresentadores de programas policialescos.

Critico os endinheirados e assépticos apresentadores dos telejornais de todos os horários, que com raríssimas exceções são produtos inodoros, incolores e insalubres.

Num mesmo cenário vemos famílias devastadas em questões de segundos, e de outro lado, crimes impunes.

Quanto vale uma vida? Bem, a tabela de preços é vasta, mas seguramente dependerá da região.

Por exemplo, se você estiver em seu estabelecimento comercial, vamos supor mulher e dentista, em São Bernardo do Campo, valerá R$30. Já se você estiver a caminho de casa, após um dia de trabalho em qualquer cruzamento de São Paulo, não custará nada ou quase nada.

Portanto, a você, que chegou até este parágrafo, eu pergunto: afinal, quem te representa? 

Para encerrar, deixo um trecho do art. 5º da Constituição Federal,


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


Prossigam à leitura dos 78 incisos,  valerá a pena.